Mercado imobiliário poderá reagir com crescimento de até 10% em 2017

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Menos euforia e volta gradual da confiança do brasileiro. Cinco especialistas comentam sobre as expectativas para o segmento imobiliário neste ano

Previsão de queda na inflação – que deverá ficar em torno de 5,07% de acordo com o Banco Central -, estimativa de declínio nas taxas de juros e crescimento de aproximadamente 1,3% do PIB (Produto interno Bruto) são os pilares que deverão movimentar positivamente o mercado imobiliário em 2017.

De acordo com especialistas, o segmento apresentará recuperação lenta e gradual, mas será bem diferente do que foram os últimos dois anos, podendo atingir um crescimento de até 10% nas unidades comercializadas em comparação a 2016, ano em foram financiados 199,7 mil imóveis, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

“Por outro lado, a recuperação do emprego e da renda das famílias, que também são componentes fundamentais para a reação do mercado, deverá demorar um pouco mais para ocorrer, pois dependerá do reaquecimento da economia com um todo. Ao mesmo tempo, o governo tem sinalizado firmemente que pretende obter um reequilíbrio fiscal, mediante a reforma da Previdência, do limite de gastos públicos e outras medidas. Isso é muito relevante para que investidores e famílias voltem a ter confiança e invistam em projetos de empreendimentos de longo prazo, como são os do mercado imobiliário”, explica Odair Senra, vice-presidente de Imobiliário do Sindicato da Construção (SindusCon-SP).

Fim do estoque deverá acalmar mercado

Eliane Monetti, professora e porta-voz do departamento de Engenharia de Construção Civil da POLI-USP

“Os preços no mercado imobiliário residencial devem se estabilizar neste ano, já que as empresas estão liquidando os estoques de unidades novas e também aquelas muitas que foram devolvidas por conta da incerteza de compradores em adquirir estes bens a longo prazo ou por falta de crédito para quitá-lo. A ofensiva de lançamentos diminuiu e, com essa retração, há a necessidade de limitar os valores especulativos que vinham sendo aplicados até então. Com certeza, o mercado ficará menos eufórico, pois as aquisições serão feitas com mais critério até a volta completa da confiança do brasileiro. Já no segmento comercial, ainda há muita oferta, pois houve atraso na entrega das grandes lajes corporativas por conta da economia e, com isso, o estoque deverá levar mais tempo para ser liquidado. Neste caso, vejo uma recuperação mais lenta só a partir do ano que vem”

Curva ascendente no segundo semestre

Mauro Calil, consultor financeiro e especialista em investimentos da Academia do Dinheiro

 

“O pior já passou. Acredito que no segundo semestre haverá uma curva ascendente na valorização dos imóveis e também na linha de empréstimos bancários. Estamos em uma fase de transição com perspectiva de melhora, portanto, se no segundo semestre os números registrados forem positivos, esta crise, pelo menos, deverá ser superada. Para quem quiser usar o saldo de contas inativas do FGTS para abater dívida imobiliária a dica é: vale a pena se a taxa do custo efetivo total do financiamento for mais alta que o rendimento das contas. O ideal, neste caso, é eliminar parcelas para ter um sono mais tranquilo”

Aposta no segmento de studios e pequenas metragens

Hedney Marques Bastos, consultor imobiliário

“Em 2017, ainda em razão da situação econômica do País e, consequentemente, pelo investimento mais baixo, principalmente no primeiro imóvel, haverá grande demanda por apartamentos de pouca metragem, sobretudo studios de 28 a 45 metros quadrados com infra-estrutura de lazer, lavanderia coletiva e próximos a estações de metrô. Este também é um reflexo dos grandes centros, em que a população tem deixado o carro de lado. O segmento entre R$ 300 mil e R$ 600 mil deverá ficar bem aquecido e contribuirá de forma significativa para o crescimento do mercado imobiliário até o final do ano”

Volta da confiança de investidores

Odair Senra, vice-presidente de Imobiliário do Sindicato da Construção (SindusCon-SP)

 

“Este ano será melhor que 2016, principalmente pela recuperação gradual da confiança dos investidores, em razão da redução da inflação, dos juros e das medidas adotadas pela equipe econômica. Além disso, o mercado imobiliário está com ofertas para todos os bolsos e, portanto, é um momento favorável ao comprador. À medida em que as incertezas em relação aos rumos da economia forem se desfazendo, o mercado se aquecerá gradativamente, com mais força, no segundo semestre. Além disso, as instituições financeiras também começam a vislumbrar um cenário em que não precisarão mais ser tão restritivas na concessão de financiamentos imobiliários.

No município de São Paulo, por exemplo, poderá ser registrado um aumento de 5% de vendas e 10% de lançamentos, em comparação com o ano anterior. Outro segmento que deverá se beneficiar é o de habitação popular de mercado, uma vez que o governo aumentou para R$ 9.000 a renda familiar máxima para as contratações com financiamentos do FGTS para a faixa 3 do Programa Minha Casa, Minha Vida”

Mudanças e boas expectativas

Flavio Amary, presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP)

“Comparando 2016 aos 24 meses anteriores, houve uma queda forte na economia e no mercado imobiliário, mas, neste ano, devemos esperar um crescimento de 5% a 10% no segmento de vendas, incluindo lançamentos, graças a uma inflação mais controlada e algumas medidas do governo federal e também das administrações municipais. Os imóveis que custam até R$ 500 mil, cujas metragens variam entre 45 e 65 metros quadrados, deverão ser os mais procurados. Vale lembrar que o incentivo gerado pelo aumento do teto do FGTS para compra do imóvel novo movimenta não só o mercado imobiliário, mas a economia como um todo, já que haverá mais mão de obra e serviços contratados”.

 

Fonte:

ZAP em Casa